[CINEMA] MY GIRL AND I

 Amor e morte. A existência humana, em última análise, transita em torno destes dois conceitos. O primeiro contato com eros (o amor sexual) e tanathos (a morte) é geralmente uma experiência chocante e marcante para grande parte das pessoas e, quando ambas se dão na adolescência, deixam marcas para o resto da vida. É justamente sobre estes pontos que MY GIRL AND I (Coréia do Sul, 2005) gira.

Antes de tudo, prepare-se: o filme já começa com a garota, Su-Eun (Song Hye-kyo), morta há alguns anos. Su-ho (Cha Tae-hyun), de quem ela foi a primeira namorada, está de volta à sua cidade após uma década para reencontrar os amigos de escola e relembrar dos acontecimentos marcantes que se sucederam no passado, levando o casal a se apaixonar e depois lidar com a eminência da morte dela.

Su-ho era então um rapaz tímido que vivia cercado de amigos e por uma família pequena, mas amorosa. Ele não tinha qualquer pretensão se chamar atenção de Su-Eun, a garota mais popular da sua classe, até o dia em que ela o salva de se afogar. A partir daquele momento, a história dos dois começa a se ligar, permitindo até algumas reviravoltas nos moldes clássicos dos romances (é ela que se declara a ele, por exemplo).

A produção, que poderia ser bem mais um drama adolescente bem aos moldes feitos por Hollywood, rapidamente se revela uma sensível análise sobre amor, vida, solidão e morte pelos personagens do filme. Su-ho, por exemplo, é órfão de pai e sua mãe também tem de lidar com a ausência do marido, mas é na figura de seu avô materno onde encontramos o outro grande contra-ponto do filme: ele também se apaixonou na adolescência e precisou deixar a namorada quando partiu para a Guerra da Coréia, porém ao voltar não a encontrou mais. Anos depois, já trabalhando com serviços funerários, o rapaz acaba preparando, para sua surpresa, o funeral do marido da ex-amada, apenas para seguir sua vida depois. O reencontro final entre os dois é uma das partes mais sensíveis e belas do filme: se você é uma pessoa emotiva, prepare os lenços. Aliás, eles terão boa utilidade durante todo tempo de projeção.

O grande destaque fica entre a atuação da dupla Tae-hyun e da doce Hye-Kyo. Ambos formam um casal improvável, mas acabam soando verossímeis na ternura de suas atuações capitaneadas pela direção de Jeon Yun-sun

É importante notar que, sendo uma produção sul-coreana, ele é feita aos moldes do melodrama, um traço marcante do cinema daquela país. Outro detalhe é a maior castidade das cenas, valorizando o sentimento dos personagens a manifestações carnais de afeto. Reparem como a cena do primeiro beijo entre os dois é extremamente emotiva visualmente.

Fonte: Hancinema

MY GIRL AND I também sofre, como tantos filmes aqui no Brasil, de um péssimo serviço de tradução de título. Graças a Wikipedia, descobri que o nome original "파랑 주의보" se traduz como "Um Forte Vento do Mar", algo relativo a uma certa cena, mas a própria produção optou por usar "MY GIRL AND I" no mercado internacional. Uma troca no mínimo injusta, não?

Mas não deixe esse pequeno deslize comprometer sua obrigação de ver esta pequena obra-prima. MY GIRL AND I merece cada minuto investido em sua projeção e, ao final, quem sabe até você terá uma nova perspectiva sobre o amor, a morte e, principalmente, o que a vida traz após isso.

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Formado em Design Gráfico pela UEMG, apaixonado por História, Sociologia, Literatura, Filosofia, sociedades orientais, culturas antigas e cinema asiático.

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